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Artigo: Saúde em foco - o RH no novo mundo do trabalho

Por Tiago Hayashida, Gerente Executivo de Gestão e Pessoas na CCEE

Publicado em: 04/11/22 11:26 hs | Atualizado em 04/11/22 11:29 hs

Imagem de uma mulher de costas que usa o seu computador para uma reunião virtual

A pandemia do COVID-19 colocou os profissionais de recursos humanos sob os holofotes. Revelou fragilidades das empresas, reconfigurou modelos de trabalho e jogou luz direta sobre o impacto do dia a dia corporativo na vida das pessoas. A saúde mental e física dos funcionários já era pauta nas maiores corporações, mas ainda não tinha a importância que repentinamente ganhou após 2020. As ações da área de gestão de pessoas, hoje, são vistas sob o olhar de lupa e a cobrança da sociedade, em geral, e dos colaboradores, mais especificamente, vai além do respeito a pausas e desconexão.

Uma pesquisa realizada pela Ipsos recentemente mostrou que temas relacionados à saúde mental, como depressão e ansiedade, eram uma preocupação para 18% dos brasileiros em 2018, mas esse índice subiu para 27% em 2019, 40% em 2021 e 49% em 2022. Já o aumento do peso corporal apareceu como uma angústia para 15% dos respondentes, no último ano. São assuntos correlatos, que incluem na lista de deveres de cada empresa, a missão de se humanizar e colocar em prática iniciativas que contribuam para o bem-estar coletivo e individual.

Não é uma tarefa simples, mas necessária. Passa por entender a fundo os espaços que oferecemos para os colaboradores, quais são os desafios e limites das pessoas e os efeitos que o modelo de trabalho adotado pela corporação pode ter sobre a saúde de cada um. Só a partir de um diagnóstico como esse é possível traçar um plano de ações proativo, para garantir um ambiente que não seja apenas satisfatório, mas que estimule boas práticas de prevenção e hábitos mais saudáveis.

Na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE, há anos já contamos como uma rede de apoio, focada na atenção primária da saúde, composta por médico de família, enfermeira, fisioterapeuta e nutricionista. Mas desde o início do isolamento social, sabíamos que precisaríamos expandir nossa atuação nessa frente. Realizamos uma pesquisa que revelou resultados preocupantes: a maioria dos nossos mais de 400 colaboradores estava obesa ou com sobrepeso, levava uma vida sedentária e não praticava nenhum tipo de atividade física. 

Para combater o cenário, criamos o programa Vida Ativa, uma campanha baseada no conceito de gamificação, em que os colaboradores pontuam pela prática diária de exercícios físicos, por manterem uma alimentação balanceada, ou por adotarem atividades que melhorem sua saúde emocional. A principal proposta é provocar a mudança de hábitos, e que pudesse não só ajudar aqueles dispostos a adotar um novo estilo de vida, mas que também fosse vista como um posicionamento da CCEE em relação ao bem-estar de todos.

Em parceria com nossos fornecedores, ampliamos a oferta de serviços aos funcionários, com a inclusão de benefícios como aulas de meditação, reiki, assessoria física, e subsídio para sessões de massagem. Elaboramos ainda o projeto Acolhe CCEE, no qual desenvolvemos um protocolo para receber de forma adequada quem volta de um período de afastamento, seja por questões de saúde, licença parental, ou quaisquer outras razões.

Os resultados desses programas têm sido bastante gratificantes. As pessoas percebem o cuidado da organização com elas. Atingimos 88 pontos de favorabilidade na última pesquisa de clima da Great Place to Work na dimensão “Cuidar”. Como resultado da campanha Vida Ativa de 2021 – a de 2022 está em andamento – tivemos resultados expressivos: 63% dos participantes tiveram redução de peso; 80% incorporaram hábitos mais saudáveis; e 94% relataram percepção de maior qualidade de vida.

Além do impacto positivo na vida dos nossos colaboradores e de seus familiares, também temos resultados na dimensão financeira. A elevação constante dos custos com assistência médica tem sido pauta prioritária das áreas de RH, e as medidas de prevenção comprovam seu efeito exponencial, não apenas para o bem-estar das pessoas, mas também benefícios em termos de orçamento. Ao medirmos os impactos das nossas ações, já temos meio milhão de reais em custo evitado só neste ano. E temos convicção de que essa é só a ponta do iceberg.

Já estamos colhendo alguns bons resultados, mas a caminhada é longa e não pode se resumir a uma ação pontual no ano. O desafio é justamente incorporar projetos como estes em iniciativas perenes, que também considerem outros temas, como aqueles ligados à diversidade e inclusão. A medição dos resultados das ações também é muito importante, pois, com as evidências dos benefícios gerados, abrimos espaço para escalar os programas. A lição que fica para as empresas dessa nova era do mundo do trabalho é que a valorização do ser-humano e a escuta ativa precisam estar entre os principais direcionadores do modelo de atuação. Estamos em plena transformação e se adaptar a essa nova realidade é uma questão de sobrevivência.

Publicado originalmente em: https://www.mundorh.com.br/saude-em-foco-o-rh-no-novo-mundo-do-trabalho/

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